Os preços do café arábica voltaram a ter boa
valorização na bolsa de Nova York nesta segunda-feira. A cotação para
vencimento julho fechou o dia a 143,35 cents/lb com alta de 485 pontos. Mercado
segue atento ao clima no Brasil.
De acordo com a maior trading mundial de café
,a Neumann Kaffee Gruppe,as restrições
relacionadas ao coronavírus na Europa e nos Estados Unidos no
início deste ano desaceleraram a recuperação do consumo global de café, pois consumidores
estão longe de restaurantes e cafeterias e já não espera crescimento da demanda
global na temporada que termina em setembro na maioria dos países, disse Ana
Wilks, chefe de pesquisa da operadora de Hamburgo, que movimenta cerca de 15
milhões de sacas de café por ano. A estimativa se compara
à projeção otimista para um aumento do consumo de 0,9% feita em
dezembro. O
consumo de café foi abalado quando a pandemia fechou cidades de Paris a Los
Angeles. Muitos países na Europa enfrentaram até três períodos de lockdown, e
cafeterias no Reino Unido apenas recentemente começaram a permitir que clientes
permaneçam em áreas ao ar livre em vez de apenas levar para viagem. A
propagação do coronavírus fez com que a demanda por café caísse 1,5% na
temporada passada, segundo a Neumann. Antes da pandemia, a trading esperava que
o consumo crescesse 0,5%.
O mercado global de café enfrentará um déficit na
próxima temporada, pois o clima seco afeta a produção do Brasil, o maior
produtor. Por enquanto, a trading espera que a produção fique abaixo do consumo
em 9 milhões de sacas, revertendo um superávit de 6,9 milhões de sacas na atual
temporada, disse Wilks. Mas isso se a demanda crescer a um ritmo de pouco menos
de 2% em 2021-22. Se o consumo global aumentar 2,5%, o déficit de café pode
subir para até 13 milhões de sacas ou ser reduzido para 6 milhões de sacas se o
consumo se estabilizar, disse. Os produtores no Brasil devem colher 33 milhões
de sacas de arábica, conforme os cafezais entram na metade de produtividade
mais baixa do ciclo bianual e devido ao impacto do clima seco nas lavouras,
estima a Neumann. Isso se compara a 38 milhões de sacas na temporada anterior
de bienalidade baixa e 52 milhões de sacas no ano passado.
A produção de robusta, usado no café instantâneo,
deve somar 20,5 milhões de sacas, estima. Embora a previsão para a safra do
Brasil ainda possa ser reduzida dependendo do clima em abril, a maior incerteza
no mercado continua sendo a demanda. “A demanda sempre foi a parte mais
previsível, mais estável e mais fácil do equilíbrio entre oferta e demanda”,
disse Wilks. “Hoje é uma incógnita que pode trazer muita variação.”