Os preços do
café arábica fecharam novamente em baixa na bolsa de Nova York nesta
terça-feira. A cotação para vencimento dezembro fechou o dia a 185,45 cents/lb
com baixa de 135 pontos.
De acordo
com relatório mensal do Conselho dos Exportadores de Café do Brasil (Cecafé),
os embarques totais do produto somaram 2.674.116 sacas de 60 kg em agosto de
2021, registrando queda de 25,2% em relação às 3.573.958 sacas em idêntico
período de 2020. Nos dois primeiros meses da safra 2021/22, as exportações
totalizaram 5,541 milhões de sacas, volume 18,7% inferior ao registrado em
julho e agosto do ciclo anterior.
A
reviravolta no desempenho das exportações brasileiras de café, que eram
positivas até o acumulado de julho, reflete a continuidade dos gargalos
logísticos no transporte marítimo, um problema estrutural que extrapola as
fronteiras do Brasil e do produto, conforme revela o presidente do Cecafé,
Nicolas Rueda. “Essa grave crise operacional gerou disparada no valor dos
fretes, constantes cancelamentos de bookings – espaço dos contentores nos navios –,
dificuldade para novos agendamentos e disputa por contêineres e lugares nos
navios”, expõe.
Segundo apuração realizada
pelo Conselho junto aos exportadores, os entraves fizeram com que o Brasil
deixasse de exportar cerca de 3,5 milhões de sacas entre maio e agosto de 2021,
o que, considerando os preços médios dos embarques, equivale ao não ingresso de
aproximadamente US$ 500 milhões em receitas ao país. “O levantamento também
mostrou que a média das rolagens de carga variou entre 10% e 20% de janeiro a
abril de 2021, saltou para entre 20% e 30% em abril e maio, chegando aos
patamares médios de rolagens de 40% a 50% nos últimos três meses, o que explica
o significativo volume de café que o Brasil deixou de embarcar. O desempenho
não foi pior em função do esforço titânico dos setores comercial e logístico
dos exportadores, que ainda possibilita um fluxo considerável de café para fora
do país”, analisa o presidente do Cecafé. Rueda comenta que, com o avanço da
vacinação e a reabertura das principais economias globais, especialmente
Estados Unidos e Europa, houve um aumento monumental por alimentos, bens e
serviços, gerando intensa demanda de navios, oriundos principalmente da China e
de outros países da Ásia, para essas regiões.